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Doenças Causadas pelas Pulgas

Doenças Causadas pelas Pulgas
 

Podem causar doenças atuando como parasitas, transmissores (vetores) ou como hospedeiros intermediários. Observação: hospedeiro intermediário ocorre normalmente em doenças parasitárias, em que o parasita necessita passar por dois hospedeiros, um definitivo (onde ocorre a fase sexuada do ciclo evolutivo) e um intermediário (onde ocorre a fase assexuada do ciclo evolutivo).

Pulgas atuando como parasitos

Causam espoliação sanguínea, por alimentarem-se do sangue do hospedeiro que, no caso, pode ser o homem. Existem várias espécies que continuam a exercer a hematofagia mesmo após repletas. Animais de pequeno porte ou crianças podem desenvolver anemia, no caso de parasitismo intenso.

Provocam irritação da pele devido à picada, podendo causar alergias e irritação da pele com prurido (coceira). Podem causar lesões na pele nos locais da picada, com possível veiculação de doenças oportunistas: tétano, gangrenas gasosas e micoses. Essas doenças serão melhores explicadas à diante.

Pulgas atuando como transmissoras ou vetores

Transmitem para o homem riquetsioses (infestações responsáveis pelo tifo murino) e doenças bacterianas, como peste bubônica, tularemia e salmoneloses.

Pulgas atuando como hospedeiros intermediários

Atuam nos ciclos evolutivos de protozoários, cestódeos e nematódeos, sendo que desses, o que pode desenvolver doenças no homem é o cestódeo Hymenolepis nana, que causa a himenolepíase, doença que provoca alterações intestinais.

Peste bubônica

Desde a antiguidade sabe-se que os ratos têm relação com a transmissão da peste. Durante os séculos VI e XIV ocorreu uma pandemia com milhões de mortes, sendo a doença conhecida como “peste negra”. Como essa doença teve uma alta taxa.de mortalidade, foram desenvolvidos diversos métodos para acabar com os ratos. No entanto, hoje se sabe que é a principal doença transmitida por pulgas. Essas são parasitas de roedores e de várias outras espécies, podendo atingir o homem. Nesse caso transmitem a doença, que ocorre primariamente em ratos, para os humanos, sendo caracterizada como uma sinantropia.

É preciso estar atento quando há grande mortalidade de ratos, pois uma vez que seu hospedeiro natural está morto, as pulgas passam a procurar novos hospedeiros. O contato de ratos com animais domésticos facilita a entrada da moléstia para o ambiente domiciliar e desse modo, é necessário que se evite o contato de ratos urbanos com cães e gatos domésticos. Além de serem transmissores, os felinos também podem manifestar a doença.

A doença é causada por uma bactéria da espécie Yersinia pestis, que é veiculada quando o inseto realiza a hematofagia, dos seguintes modos: através do sangue contaminado presente no intestino da pulga, que é regurgitado durante a picada ou através das fezes contaminadas (menos freqüente).

O principal sintoma é a formação de bubões, que são inflamações dos linfonodos, pela presença dessas bactérias. A forma mais grave é a pulmonar, que ocorre quando essas bactérias alcançam o pulmão, e tem 100% de letalidade.

Uma estimativa da infectividade é a relação do número de pulgas encontradas por rato, chamada de Índice Pulicidiano. Toda vez que esse índice for superior a cinco, e a pulga prevalente for Xenopsylla cheopis, há grande exposição da população à infecção.

Profilaxia (Prevenção): deve-se fazer a desratização acompanhada de despulização, isto é: morte dos ratos acompanhada da morte das pulgas. Pode-se empregar a anti-ratização, que consiste no afastamento dos ratos das áreas urbanas e do domicilio, deixando estes locais inviáveis para o desenvolvimento dos mesmos.

Tratamento: uso de estreptomicinas e sulfas (antibacterianos).

Tifo Murino

A palavra typhu é derivada do grego e expressa o estado confuso e nebuloso, mental, que ocorre durante a doença. É causada pela espécie Rickettsia typhi, que é eliminada pelas fezes das pulgas Xenopsylla cheopis, sendo transmitida quando estas exercem hematofagia. Quando a pulga alimenta-se há defecação e, quando o material contaminado entra em contato com o sítio da picada, desenvolve a infecção.

Doenças rickettsiais têm ampla distribuição mundial e já causaram a morte de pesquisadores que atuaram na área. Essas mortes podem ser explicadas pelo fato de a infecção poder ser transmitida através das mucosas conjuntivas e nasais quando em contato com aerossóis, em laboratório.

Rickettsias são bactérias pequenas, visíveis em microscopia comum, e que só desenvolvem-se em células vivas. São encontradas em diversas espécies, mas pulgas e carrapatos não apresentam os sintomas da doença, mesmo albergando a bactéria e, dessa forma, atuam como transmissores.

O reservatório da infecção é o rato e o ciclo normalmente é mantido (pulga – rato – pulga). A doença ocorre principalmente em indivíduos que trabalham em locais onde existem muitos ratos, como docas e armazéns de cereais, de modo que as pulgas que parasitam esses ratos são capazes de parasitar o homem, e são transmitidas por contato e proximidade.

O período de incubação (aquele em que o indivíduo possui a bactéria, mas ainda não desenvolve a doença), é de uma ou duas semanas. Os sintomas iniciam com dor de cabeça, mialgia, e tosse. Há rash cutâneo, que é centrípeto e localizado na área superior do tórax e abdome. Após alguns dias torna-se maculopapular, permanecendo assim por quatro a oito dias.

O tifo murino era endêmico em áreas infestadas de ratos, mas com a melhoria do controle de ratos, ele se tornou raro no Brasil.

Tratamento: uso de antibióticos como a doxiciclina; cloranfenicol para mulheres grávidas.

Prevenção: uso de pulicidas e a anti-ratização, e prevenção de humanos e animais domésticos do contato com ratos. Como proteção pessoal, deve-se incluir o uso de roupas que cubram a pele exposta, assim como o uso de calçados.

“Bicho de pé”:

É causado pelo parasitismo por Tunga penetrans, cuja fêmea penetra nos tecidos, e alimenta-se deste e do sangue, enchendo-se de ovos. Esta espécie é a menor encontrada dentre as pulgas, e causa lesões cutâneas numerosas com intenso prurido. Essas lesões costumam estar próximas entre si e localizar-se no calcanhar, sendo conhecidas como “favo de mel”. Em alguns dias todos os ovos são eliminados e a fêmea morre e sai ou é destruída pela reação do hospedeiro.

As feridas causadas pelo prurido e pela penetração de Tunga penetrans podem ser responsáveis pela veiculação mecânica de tétano, micoses e gangrena gasosa

Observação:

Tétano: doença infecciosa, mas não contagiosa, causada pela toxina produzida pela bactéria Clostridium tetani, que atua nas células do sistema nervoso central. A doença caracteriza-se por intensa contração muscular, podendo levar à parada respiratória e morte.

Gangrena Gasosa: surge em ferimentos contaminados por bactérias da espécie Clostridium perfringens. Ocorre em lesões que tenham contato de pele com terra suja e é favorecido pela diminuição da oxigenação do tecido, sendo presente tanto em ambientes rurais quanto urbanos. Consiste em necrose anaeróbia dos músculos esqueléticos.

Profilaxia: tratamento adequado para lesões teciduais, com limpeza constante do local e uso de antibactericidas.

Combate às pulgas

O combate é feito através de medicamentos usados nos hospedeiros, que normalmente são os cães, e de pulicidas usados no ambiente. O combate às pulgas que infestam os cães é feito através de xampus, microcápsulas, talcos, coleiras e gotas com pulicidas. No interior dos domicílios a aplicação de anti-pulgas deve ser realizada em locais comumente habitados por estas, como frestas, carpetes, tapetes, panos e animais.

É importante que antes da aplicação as crianças e animais de pequeno porte sejam afastados e que todos os produtos alimentícios sejam cobertos e protegidos da droga. A volta ao domicílio só pode ser feita após intervalo e com intensa ventilação. Os medicamentos mais usuais estão descritos a seguir:

Xampus: atuam na remoção mecânica dos parasitas adultos e, os que atuam com o uso de óleo, dificultam e fixação do parasita aos pêlos e à pele.

Advantage Duo (Bayer): atua no sistema nervoso de pulgas adultas (do gênero Ctenocephalides) presentes nos cães; tem segurança para aplicação nos animais, e mata pulgas por contato, sem que estas tenham necessidade de estarem aderidas à pele do animal. O produto é à base de ivermectina e elimina pulgas reinfestantes devido à sua ação residual (continua agindo mesmo após algum tempo da aplicação).

Fleegard (Bayer): indicado para o controle ambiental de pulgas adultas do gênero Ctenocephalides, é um aerossol que não deve ser aplicado direto sobre os animais. Eficiente por até seis meses.

Frontline Plus (Merial): age contra adultos, larvas e ovos. As glândulas sebáceas atuam como reservatório do medicamento, sendo este de ação prolongada. O medicamento tem dois princípios ativos: um é o Fipronil que age contra adultos, e outro é o S – metopreno, que atua como inibidor do crescimento, impedindo o desenvolvimento de ovos e larvas.

Scalibor Protector Band: coleira que libera o princípio ativo Deltametrina, que se espalha pelo corpo do animal e é capaz de atuar sobre pulgas e flebótomos (insetos), tem ação duradoura de até seis meses.

Program (Novartis): Inibidor do desenvolvimento, tem como princípio ativo o Luferunon, que impede a formação de quitina nas larvas. Usualmente chamado como “anticoncepcional de pulgas”, pois deve ser administrado mensalmente aos animais.

DDT: organoclorado que atua no combate às pulgas e é usado preferencialmente sobre o ambiente (esconderijos e lugares de passagem de ratos). No entanto, seu uso tem sido evitado por sua toxicidade, efeito residual e outros efeitos adversos que dificultam o uso sobre o homem.

Malation/ Diazinon/ Cloripirifos (Organofosforados): atuam no combate às pulgas tanto no homem, quanto em animais e ambientes domésticos. Exigem tratamento cauteloso uma vez que são inibidores irreversíveis da acetilcolinesterase (enzima essencial presente no sistema nervoso e que regula o impulso nervoso).

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